terça-feira, 30 de setembro de 2008

7 dia (Seg 29/09) Itaituba a Jacareacanga

Fim da trilha
A vegetacao muda o tempo todo. Sao muito cenários diferente ao longo da mesma estrada

A foto está de cabeça pra baixo ou não?
A Transamazonica dos meus sonhos
A maior árvore que ja vi na vida.
Cruzar o Brasiil pelas areias Jalapao ao coraçao da floresta Amazonica é preciso ter os dois pés no chao. E de preferecia que sejam dois mittas E09.
Entrada do Parque
Itaituba a Jacareacanga

Itaituba tem seu passado recente ligado ao garimpo.
Nos anos 80 havia em Itaituba 60 mil garimpeiros trabalhando nos garimpos da cidade. As histórias de riqueza são muitas. Os homens que mais enriqueceram com o garimpo foram Zezao do Abacaxi (Dono do garimpo do abacaxi) e o Zé Arara.
O dinheiro era tanto que Zezao fez uma festa de quinze anos para sua filha reunindo 700 pessoas. Tudo do bom e do melhor. Para animar a festa chamou o Grupo Polegar que estava no auge da fama.
Zé Arara tinha um jatinho com pista de pouso particular asfaltada. Às vezes pegava a família e ia almoçar em um bom restaurante de São Paulo, depois voltava.
Vinham mulheres do Brasil todo para trabalhar no km 7 onde ficavam as boates.
Havia 17 boates e mais de 400 mulheres, tudo de primeira linha. Algumas depois eram vistas em capas de revistas ou no carnaval do Rio. Foram as que mais ganharam com o garimpo.

Logo que se sai de Itaituba em direção a Apui há a Reserva Nacional da Amazônia.
Que lugar! O lugar mais espetacular que já vi na vida. Você se sente na casa de Deus.
É como se ele conduzi-se você lentamente. Há uma paz muito grande. Arvores muito alta. Pássaros cantando o tempo todo. Há um cheiro de vegetação.
É como se estivesse acontecendo um grande espetáculo e só você fosse à platéia e o teatro fosse todo seu. Você pode ver a apresentação na velocidade que quiser, pode pedir pra repetir e pode voltar atrás e ver de novo. Sentia-me leve, completo e em paz com Deus. Abençoado por poder estar ali. Fui tocando lentamente sem capacete e sem velocidade. Apenas vendo, ouvindo e sentindo. Extasiado
Obrigado meu Deus por esse dia.

Minha programação atrasou em 200 Km, mas tudo tranqüilo. Da pra recuperar na terça ou quarta. Tudo valeu a pena.




segunda-feira, 29 de setembro de 2008

6 dia.(Dom 28/09) Uruará a Itaituba

Em Itaituba passageiro vai dentro do carro, galinha nao. Galinha vai pendurada no retrovisor curtindo um bug jump radical cidade a fora.
O único jeito de ver essas camionetes direito é na balsa. Eles andam a milhao na estradas da Trans.

Dói na alma
O obra que nunca acaba.
Peão de comitiva na sobreposicao da Br 230 e a 163 perto do Km 30
Era muito boi...

Personagens da estrada...
E assim vai a floresta

Rurópolis




Feira de Uruará. Um festival aos sentidos. Cheiros, sabores, cores....

O transporte é um capitulo a parte na Transamazonica

6 dia.(Dom 28/09) Uruará a Itaituba

Domingo em Uuará tem uma grande feira. A feira é um festival da Floresta.
Há muitas frutas desconhecidas pra nós do sul. Grãos vendidos em grandes sacas, pesadas em quilos na hora mesmo. Muitos cheiros e sabores, tudo muito colorido. Um desafio a todos os sentidos. Fantástico! Ainda mais da forma como foi achada. Sempre antes de sair da cidade dou uma circulada pelos arredores e bairros próximos. Numa esquina dessa bem afastado da Rodovia acho a feira. Ia voltar na quadra anterior mas resolvi tocar um pouco mais. Acabei achando essa feira.
Com os pés pra frente na pedaleira e curtindo cada paisagem da manha ainda penso em mais uma maravilhosa coincidência da viagem que havia acontecido na noite anterior. Conheci no hotel próximo ao que eu estava em Uruará, e começamos a bater um papo, um agente Policial Rodoviário Federal que atua na área. Logo depois entrou na conversa um outro Policial Rodoviário que o pai tem fazenda na região. E por fim encostou um amigo deles, o Maranhão, que é freteiro na Transamazônica, ele puxa madeira para as serrarias.
Ali reunido conversando tínhamos a opinião de um fiscalizador, um madeireiro ( o pai) e um operário da floresta. A conversa foi fantástica.
Todos conversando sem meias palavras ou receios. Apenas um grupo de amigos tentando explicar para um "estrangeiro" o problema da região.
Tive a exata certeza de que é uma equação que não fecha.
Para resumir a maravilhosa conversa daquela noite. Faço uma analogia. Você tem um bode que vive de comer repolho a beira de uma roça de repolhos. Pra ele não comer ou você ensina ele a comer outra coisa ou você alimenta ele com ração. Caso contrario você terá que vigiar a roça o tempo todo, dia e noite. Se você sair para beber água o bode vai comer o repolho.
Porém essa sua vigília matará o bode de fome.
A cada piscada da fiscalização, os madeireiros e fazendeiros vão lá e ganham o deles. E as famílias que vieram pra cá por um projeto do governo e agora não podem fazer nada. Os fazendeiros que obedeceram a lei anterior que permitia derrubar metade de suas áreas agora com a mudança da lei que permite derrubar apenas 20% viraram contraventores do dia pra noite. O freteiro quer trabalhar e só conhece essa maneira de viver na floresta.
Não quero aqui defender o desmatamento,longe disso. Sou totalmente contra. Temos que preservar.Agora reconheçamos que há uma equação que não se resolve nunca. É preciso criar um outro plano pra quem já está aqui, caso contrario eles sempre irão no repolho.
Ouvi histórias absurdas. Os índios vendem o mogno de sua reserva para madeireiros. Aquele Paulinho paiakan que estrupou uma menina e foi pra mídia há alguns anos era um dos maiores vendedores de mogno da reserva indígena para madeireiros.
Com tudo isso na cabeça vou tocando minha XT em direção ao Rio Tapajós para chegar a Itaituba pelas belas paisagens da floresta. Sempre com a casa nas costas igual a um caracol.












5 dia (Sab 27/09). Pacajá a Uruará

Esse é o meu caminho
Uma obra que nao acaba

Esse é o famoso pé de açai

Seu Geraldo e esposa. Um dos primeiros colonizadores a chegar em Altamira. Um arquivo vivo da Transamazonica

Margem do Rio Xingu em Altamira
Local onde foi inaugurada a Rodovia. Aqui Medici derrubou uma Castanheira. O pessoal local chama aquele toco de: " O pau do Presidente". O local está totalmente abandonado.

Travessia do Rio Xingu em Favania
Entrada da cidade de Anapu. A causa da Missionaria nao morre.
Carvoarias em Anapu


5 dia (Sab 27/09). Pacajá a Uruará

Saio ansioso para alcançar logo Anapu, local onde foi morta a missionária Dorothy Stein. Ainda em Pacajá ouvi notícias de que a cidade está parada. O tempo todo a Policia federal, IBAMA, Ministério do trabalho entre outros órgãos estão fechando o cerco contra tudo que ela denunciou. Tenho certeza que onde ela está estará feliz em ver isso.
Em Anapu procuro uma carvoaria para conhecer. Entre as imensas coincidências boas desta viagem que sempre me levam ao lugar certo a hora exata, o melhor ângulo, a pessoa ideal essa foi uma das mais gratificantes. A carvoaria a qual eu fui entrando lentamente com cuidado, tive informações que eles não gostam que filmem nem fotografe porque quem faz isso sempre usa a imagem para falar mal do oficio deles.
Mas a que eu entrei fui logo recebido pelo encarregado, um rapaz de uns 25 anos que se encantou pela moto e quis saber tudo sobre a viagem. Falei um monte pra ele que ficou encantado. Depois sem que eu pedisse pra ele começou a me mostrar a carvoaria. Peguntou se eu queria que ele tirasse uma foto minha na moto perto dos fornos. Ai abusei né.
Contou-me que a realidade das carvoarias mudou muito. Realmente na que eu visitei só tinha retalhos de serraria. As operações Arco de fogo da Policia federal, as inspeções do Ministério do trabalho e o IBAMA visitam as carvoarias o tempo todo só procurando um motivo pra fechá-las. É uma briga ferrenha. Todos trabalhando com respiradores, locais para descanso, etc.
Entrei numa em que estava sendo retirado o carvão de pá. É muito calor. O cara sofre muito ainda. Consegui fazer muitas fotos e uma filmagem dele explicando como construía a carvoaria, chama o Niemayer!
Dali sigo para Altamira onde conheço o lugar onde foi inaugurada a rodovia, hoje totalmente abandonado inclusive com a placa da inauguração roubada e depois parto para conversar longamente com seu Geraldo Emidio e sua esposa, contato conseguido meses antes pela internet.
Uma lenda viva da rodovia. Um dos primeiros nordestinos que acreditaram nas promessas do Garrastazu, com dizia ele se referindo a Médici. Contou-me muitos casos. Tudo devidamente registrado.
Passaram muita dificuldade e moram lá até hoje a poucos metros de onde se instalaram quando chegaram. Há histórias que são licoes de vida.
Saio da casa do seu Geraldo e pego a Transamazônica pensativo sobre tudo que ouvi. E assim lentamente vou passando pelas agrovilas de Médici que com o tempo viraram cidade. Medicilandia, Brasil Novo entre outras até chegar em Uruará onde pernoitei.








sábado, 27 de setembro de 2008

4 dia. Marabá a Pacajá

É a festa do povo da floresta, a beira da rodovia
Caldo de pé de galinha

Quando saí de Marabá falaram pra mim expressamente: Nao pare pra ninguem na estrada e cuidado que as vezes tem falsas blitz.
Quando vi essa blitz pensei: e agora?Paro, nao paro, volto? Vim vindo e quando cheguei perto tudo bem. Quando falei pro Tenente sobre a possibilidade de nao parar ele falou:
-Nós iamos te moer na bala!
É isso aí Capitao Nascimento,missao dada é missao cumprida .
Lá vem a poeira, chama a Ivete Sangalo.

Essa é a transamazonica

Aqui começa a parte de terra
A saída de Marabá atrasa um pouco pela troca de pneu para terra e para conhecer a cidade de dia. Ali conheço O Capeta de Imperatriz que junto com Zete sua mulher estão rodando de moto pela região.Em quanto proseávamos um pouco e tomávamos uma coca ele confessou que pensava em ir em Pacajá fazer a cobrança de uns cheques, mas que pela distancia deixaria. Pensei comigo: “Taí uma coisa que eu podia fazer. Ir la cobrar os cheques pro cara. Num lugar onde se mata por quase nada seria uma experiência bacana “. Qualquer coisa eu quero ser cremado hein gente.
Enquanto abasteço escuto num grande trio elétrico o inicio de uma passeata pela cidade por uma candidata (Mara, eu acho).
O locutor gritava entusiasmado:
-Em 05 de outubro vote M de Mara! A galera gritava alucinada.
-M de Marabá! Novos gritos. E de repente ele grita:
- M de homem! Nisso sai um grito meio chocho da galera, algumas risadas e alguém grita:
-Vai pra escola seu burro!
Sem perder o rebolado o locutor grita meio rindo amarelo:
- É man gente! É man gente!
Deixo a campanha para traz e já saindo de Marabá pego a Transamazônica de chão de terra. Ali começa a rodovia que a gente conhece. Muita poeira, a vegetação vai mudando e as vilas diminuindo. Muito bom esse trecho até Pacajá . Aliás como toda a estrada até aqui em ótimo estado de conservação salvo alguns trechos que requerem bastante cuidado por causa de cavas, pontas de pedras e até os primeiros contatos com a lama.
Chego em Pacajá onde nesta noite rola uma grande seresta com cantores, povo dançando, motos circulando no meio do povo, leilão de galinhas, churrasco é uma grande festa ali na beira da rodovia, quase no meio.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

3 dia. Palmas a Marabá (Início da Transamazonica)

TO 080. Essa ponte tem oito quilometros

Aguiarnápolis. Depois de meses de preparaçao a cidade que era apenas um ponto no mapa está a minha frente. Ali começa a Transamazonica
Palacio do Araguaia


Restaurante flutuante em Marabá

Saída de Palmas. A rodovia em direcao a Miranorte segue o tempo por locais assim.

Novas oportunidades. Soprar carro. Alguem se habilita?


Queimadas. Terrível!


Balsa sobre o Rio Tocantins. Saindo de Palmas para Miranorte na Belem Brasilia
Passando o Rio Araguaia junto com pneus para as máquinas de Carajas

Inicio da Transamazonica

Barzinhos muito animados.

Marabá. Bela cidade. Parece cidade do litoral. Acho que é a proximidade com o rio

Saio de Taquaral próximo a Palmas onde fiquei na noite anterior. Faço uma uma breve volta por Palmas, cidade muito bem organizada e planejada. Passagem pelo Palácio do Araguaia, sede do Governo de Tocantins e conheço a TO 080 que sai de Palmas em direção a BR 153. Ali a rodovia segue sobre uma ponte com oito quilômetros, muito bonita.

Saindo de Palmas pego outra rodovia que acaba me levando a travessia do Rio Tocantins (Foto da balsa) e dali até Miranorte já a margem da BR 153.
Entrando na Belém Brasília uma chuva torrencial me acompanha por um bom tempo.
Em determinado momento a chuva ficou tão forte que acabei parando num posto para aliviar um pouco. Os pingos batiam na capa de chuva e doíam na pele.

Já passava das 15:00 horas quando chego a Aguiarnápolis. Ali começou a Transamazônica.
Entro na Rodovia lentamente e começo a sentir a realização do sonho. Após meses de preparação começava a travessia da Transamazônica. Com o MP3 ligado fui ganhando os primeiros quilômetros numa paz sem igual. Sozinho na Rodovia passando quilometro a quilometro, os pés pra frente na pedaleira, as costas encostadas na bagagem segui lentamente em direção a balsa do Rio Araguaia e dali até a Marabá.
Já estava acontecendo.




quinta-feira, 25 de setembro de 2008

2 dia- Mote do Carmo- Mateiros- Palmas (Jalapao)

Contraste da parabolica. "Hay que perder a ternura, a novela jamais."
Altos Postos. A garatia soi Joi.

Olhem o preco da gasolina em Mateiros. Deve vir do leste Europeu pelo sedex. A esse preco.















Sempre vi e ouvi falar muito do Deserto do Jalapao.
O local é impressionante!! Belissimas paisagens e um visual que eu só conhecia atravez da TV.
Tive a oportunidade de ja ter competido no Rali do Café, no Rali dos Amigos, no Baja nas Neves, mas nunca fiz o Rali dos Sertoes. Porém conhecia o Jalapao pelas filmagens do Rali dos Sertoes.
É estasiador passar pelos locais de especiais que eu havia visto e ir se aproximando de Mateiros depois de rodar 170 kms sem nada, casa, vila, fazenda ou qualquer outra coisa. Grandes retas se confundem com nao menores bancos de areia.
Mas areia mesmo que de passar em primeira marcha quase atolando. Se nao fosse pelo pneu mittas E-09 misto que tem se comportado excepicionalmente em todos os pisos que andou até o momento, acredito que teria atolado em alguns pontos. Digo isso tambem porque a bagagem é um grande diferencial. Estou muito carregado e isso deixa a moto com frente muito solta. Ja joguei o maximo de peso parao centro da moto só que nao adianta.
Voce vem numa reta a 100 km/h e de repente um banco de areia.
Em duas ocasioes travei uma horrenda briga entre o otimismo e a lei da gravidade, por pouco a terra nao vira, tudo valeu a pena.
Para chegar a cachoeira da Velha é preciso sair 30 kms do roteiro e consequentemente voltar. Uma estrada dificilima, com muitas pedras soltas e muita areia.
Tudo valeu a pena. Na ida fiquei pensando como um lugar sem grandes morros vai ter um grande salto d'agua. E tem. Impressionate. Vejam as fotos e tirem suas conclusoes.
A grande decepcao sao as queimadas. Acabam com tudo. Olhando a vegetacao é simples notar que um simples cigarro queime toda uma area.
Um detalhe, nao atualizei blog ontem. Porém depois de rodar 400 kms em estradas de chao, pedras e areia com uma moto de 165 kgs mais uns 50 de bagagens tudo que eu queria era um banho e uma cama.
Ontem acho que descobri a fórmula do plutonio. Voce pega uma meia que pegou chuva, lava e depois bota desodorante. Indescritivel!!

Boa noite amigos. Amanha relato o primeiro contato coma BR230 (Transamazonica)